domingo, 26 de agosto de 2012
Falo tantas baboseiras tentando falar a coisa certa. A coisa certa não tem palavras para ser falada, mas a boca ainda exige uma proposição. Os olhos, metonímia da alma, vislumbram somente aquilo que é externo, mas aquilo que é meu por direito foi-me escondido num canto obscuro ou fragmentado de mais, além do horizonte de minha perspectiva.
Você pensa, pensa, pensa, e a vida transcorre, na volta ao presente já se percebem mudanças e nada foi feito. Viveu-se de mais e nada foi compartilhado. Parece que nada foi feito. Uma transmutação ocorreu, mas esse desvio do que fui morre comigo, não deram-me o tempo de viver e mostrar que vivia. Definha-me o viver la fora, ter que mostrar que se vive é muito complicado! O tempo parece cada vez mais fluido e o mundo quer, exige atitude, protesto, movimento, mas a alma receia, fica doente, quer algo estável em si e no outro, o calor humano dissipa-se nas primícias do fluxo. Antes vivera o deslumbramento, mudanças bruscas, revoltas, verdadeiras revoluções, presenciei o calor do inferno, senti uma paixão meio que sádica dilacerar no peito, mas logo acostumei-me ao fogo e a sua intensidade já não me consumia, passei então ao limbo pensante novamente, lugar que permeia entre dúvidas, essas complexas que imobilizam os membros e a língua, impedem qualquer atitude, lugar dos aparentemente mortos ou dos mortos vivos. Breve, num dia, senti um desespero e assim fui expulsa do limbo e acabei por piedade divina no céu
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
Olhos
Metonímia do âmago
Admiro-lhes claros
Quando o refletir das íris
translúcidos, revelam oque escondo de mim através de ti
Mas seduzem-me os escuros
Tão escuros que absorvem-me
Não há luz que permeie seus mistérios
Intransponivelmente belos
Quando inclinam-se para baixo, curvados, tímidos
Revolvem-me, passivamente passionais
terça-feira, 7 de agosto de 2012
O despertador me acordara aos assombros, revirei naquele colchão que com as passar dos anos foi perdendo a macies e voltei a cerrar as pálpebras delimitando em minha mente um novo prazo para acordar numa espécie de especulação do tempo que faço todos os dias. Foi um cerrar de olhos para que os pensamentos se aprisionassem a esse tempo que me restava. Perguntava a minha mente quem foi decerto a pessoa que primeiro amarrou suas origens ao tempo e aprisionou-me nesse sonambulismo profundo e nauseante. Comecei a ordenar meus afazeres diários em ordem cronológica, um por um, com metas rígidas as quais sabia que não iria cumprir e que me faziam simplesmente gastar esse tempo o qual era administrado pelo meu plano honorário de metas. O planejamento temporal gastara meu tempo de sono. Abri os olhos novamente com uma sensação de atraso. Aquele tempo necessário ao levantar para desabrochar levemente as ramas do corpo foi consumido pelo tempo que planejara o tempo. Toda aquela agitação de madrugada me perturbava sobremaneira. Acordar de madrugada quando desocupada, oque não era o caso, leva-me a um ócio perturbador mas que de certa maneira me motiva a viver, não viver a carne pesada que sustento e que pertence a tudo , mas viver a plenitude de esquecer que se vive, viver aquela parte de mim que não me pertence, para deixar de planejar a vida e viver a sensação de viver. Viver a cessação de toda uma vida. Madrugada é tempo de ócio, tempo de criar, tempo de cultuar o silêncio. Madrugada é tempo de desespero,tempo de nada. Madrugada é não ter tempo para o tempo. Madrugada é tempo de imcompreensão. Madrugada é tempo de vida, acordar para o dia é deixar-se morrer.
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